terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Escolhendo um seguro-saúde antes de viajar para a França

O seguro-saúde é um item importante para quem quer morar no exterior. Antes de viajar, é importante verificar quais são as normas vigentes no país que você pretende entrar.

Na França, um seguro-saúde de pelo menos 30.000 euros é obrigatório. Cabe salientar que os trabalhadores franceses possuem um sistema parecido com o INSS (mas um pouco melhor), chamado de "couverture social", que cobre boa parte dos seus custos médicos e a responsabilidade civil. No entanto, é possível também fazer seguros-saúde complementares, que cobrem boa parte do que o sistema básico não cobre.

Para que um estrangeiro possa ter benefícios similares, deve fazer um seguro que garanta custos médicos similares e a responsabilidade civil. Este é obrigatório (e sai em torno de 900 euros por ano), já o seguro complementar não é.

Segundo informações de pessoas que já foram ou que ainda estão na França, você pode providenciar este seguro assim que chegar na França. No entanto, normalmente a universidade ou instituição não permitem que você se matricule ou possa trabalhar com eles sem ter este seguro. Por este motivo, para adiantar as coisas, optei por fazer um seguro antes de sair. Identifiquei diversas empresas que fazem este tipo de seguro.
Algumas empresas, universidades ou associações indicam determinados seguros. No caso das associações ou entidades, como o BACE, eles normalmente conseguem descontos, visto que encaminham uma boa quantidade de pessoas.

Escolhi o primeiro da lista acima, pois permitia fazer o cadastro e pagamento on-line, com antecedência, e também oferece seguro de repatriamento, em caso de acidentes mais graves. No entanto, eles não possuem seguros-saúde complementares. As outras empresas oferecem.

Com isso, já passei o certificado para a pessoa encarregada de minha papelada no instituto onde ficarei, e ela pode providenciar o meu cadastro, crachá, e-mail, etc.

Sugiro que você consulte também o site da APEB, pois há algumas dicas e pessoas que ajudam no fórum de discussão mantido por ela.

Nota: após chegar na França e conversar pessoalmente com o pessoal do BACE, descobri que o seguro que eles indicam é mais barato (pois levam em conta a idade da pessoa) e mais completo! Portanto, verifique com eles antes de partir...

Dica que me deram: faça um seguro de 3 meses e, quando chegar aqui procure outro melhor ou tente conseguir o do governo - securité social).

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Preparando viagem para a França (pós-doc)

Preparar-se para uma viagem ao exterior é uma tarefa um tanto complexa, como pude perceber nos últimos 4 meses. Você deve obter uma série de informações sobre diversas questões e assuntos (Visto, seguros, aluguel...) e elas não são tão fáceis de obter. Há também uma série de documentos a serem obtidos. Dependendo do caso, eles demoram. A correria, portanto, é grande, mesmo você já tendo um local onde fazer o seu curso. Por isso, resolvi relatar aqui algumas dicas, relacionadas com o meu caso, a fim de auxiliar os próximos...

O que você tem que fazer para se preparar depende muito do que você pretende no exterior (estudar línguas, fazer graduação, pós, estágio, etc.). Cada situação exige um processo e uma documentação diferentes. No meu caso, estou indo para um pós-doutorado, e vou me ater a este contexto.

A primeira coisa a fazer é contatar seu futuro orientador ou professor/pesquisador responsável. No meu caso, temos um projeto de cooperação com algumas instituições francesas. Isso facilitou bastante, pois o projeto previa esse tipo de mobilidade e eles estavam esperando que alguém daqui fosse para lá.

Após, é importante pensar na questão financeira. Se você é abonado ou tem uma poupança muito gorda, pode ir sem medo. Mas este não é o caso da maioria dos brasileiros (nem da média da população mundial). No meu caso, tive que solicitar uma bolsa de estudos para a CAPES, que é a agência do governo brasileiro que financia este tipo de aperfeiçoamento. As bolsas não são fáceis de obter e há todo um processo de análise que leva de 1 a 2 meses (até você ter uma resposta). Ter um projeto de cooperação facilita as coisas, mas também não garante que você vá obter uma bolsa. A CAPES exige, entre outras coisas, um plano de trabalho, explicando o que você vai fazer. Ele tem o formato de um projeto de pesquisa.

É importante informar que você deve, é claro, ter proficiência na língua do país onde vai fazer seu pós-doutorado. Uns dois anos de aprendizado já são suficientes para o básico. Se puder fazer mais, melhor. No caso do Francês, a CAPES exige que o exame de proficiência seja feito na Aliança Francesa, que também oferece cursos. Particularmente, sugiro o curso do Instituto Roche, mas ele só existe em Porto Alegre (cabe salientar que ambas as escolas são excelentes).

Se você trabalha em uma Universidade Federal, como eu, necessitará solicitar o afastamento de suas atividades. Este processo também é um pouco demorado e costuma levar uns 2 meses. Logo, antes mesmo de solicitar uma bolsa (ou até mesmo antes de pensar em fazer um pós-doutorado), converse com seu chefe de unidade a fim de saber se o afastamento é viável ou há algum impedimento.

O próximo passo é solicitar o seu visto. Esta etapa pode ser realizada em paralelo com as outras. O tipo de visto para a França depende do tempo que você vai ficar lá e o que vai fazer. Há o visto de curta duração (até 3 meses) e o de longa duração (até 1 ano, mas renovável). Você deve verificar com o local onde vai fazer seu pós-doutorado se deve ir como estudante ou como pesquisador. Indo como estudante, você deve preencher um cadastro no Campus France.

No meu caso, vou como pesquisador e este procedimento não é necessário. Aqui, um documento muito importante é o "Protocole d'accueil", que o estabelecimento deve fornecer para você. Este documento deve ser carimbado e assinado pelo estabelecimento e pela prefeitura da cidade onde ele fica. Portanto, solicite o quanto antes, para agilizar o processo. No meu caso, antes de fornecer este documento, o estabelecimento preparou uma espécie de contrato ("convention de chercheur invité"), que tive que preenchê-lo, assiná-lo, colher assinatura do diretor do local onde trabalho e encaminhar para eles.

Voltando ao protocole d'accueil, ele é encaminhado junto com o restante da papelada de pedido de visto. Ele deve ser carimbado pelo consulado, caso o visto seja aceito, e levado com você para a França. Ele é importante para outras etapas (Sim, ainda há mais coisas a fazer e solicitar quando você chegar à França).

Ainda em relação ao visto, é necessário que o seu passaporte tenha validade suficiente para você entrar e sair do país. Portanto, se o seu está para expirar, providencie um novo. Os passaportes novos são rápidos de serem confeccionados e levam uma semana para ficar prontos. No entanto, são caros (mais de R$ 140,00) e você deve agendar um horário com bastante antecedência (+- 1 mês), pois há uma demanda grande por eles.

Outra questão importante é que o consulado exige fotos 3,5 x 4,5, com algumas restrições. Estas fotos são um pouco caras e não é qualquer lugar que faz. Se você quiser tentar fazer as suas em casa, com uma câmera digital, verifique as normas e restrições no site do consulado (ver abaixo, no link para a Embaixada Francesa no Brasil).

Como as coisas podem mudar, é importante entrar em contato com a Embaixada da França no Brasil e se informar sobre a documentação necessária, o que deve ser feito e onde. O interessante é que há praticamente um cônsul honorário em cada estado, e você não necessita ir até Brasília para solicitar o seu visto - o que facilita um pouco o processo. Tendo toda a documentação, no caso do visto de pesquisador, o prazo fica em torno de 15 dias.

Bem, há ainda a questão do que deve ser feito ao chegar na França. Algo que você deve ir se preocupando é onde ficar. Há também a questão dos seguros exigidos (saúde, imóvel...), exames e documentos. Mas isso fica para outro post.

Uma última dica consiste em identificar e contatar pessoas que já tenham ido para lá. Amigos e outros brasileiros que já estão no exterior são uma ótima fonte e ajudam muito. Quem já passou por isso sabe da dificuldade que é se preparar e tem prazer de ajudar os novatos. Pergunte sem medo!

Procure também outros sites, páginas ou blogs como este. Não são muitos, mas procurando no Google você encontra alguma coisa. Um bem interessante é o "Nós na França", da família Vellozo.